Nasci no Sitio São José, situado no interior do Estado São Paulo, mais precisamente em Rosália distrito da Cidade de Marília, e la vivi a minha primeira infância, de pés no chão e cabeça nas nuvens. Desde muito pequenina sonhava com o que poderia existir além do horizonte que meus olhos apreciavam com tanta imaginação.
Meu lugar preferido era a soleira da janela da sala, e sempre antes do sol se pôr era para la que eu corria, desesperadamente, e com um pulinho e um pouco de força nos braços, enfim, conseguia alcançar o meu lugar preferido na janela, e na sua soleira me sentava, como era pequenina, dava para esticar bem minhas perninhas, e sentada confortavelmente, levantava minha cabeça e abria bem os meus olhos e olhava ,para o horizonte, tentando imaginar o que mais poderia existir além do meu pequeno paraíso. E ali, observava atentamente o sol se deitar lentamente sobre o leito do rio, as garças em seu bando tingirem uma arvore toda de branco, a galinha carijó com seus lindos pintinhos que pareciam mais, fofas bolas de algodão tingidas de amarelo, passeando embaixo da minha janela. Da minha janela, pude acompanhar a chegada de novas vidas e também ouvir os coaxas dos sapos carurus, comemorando o chegar de mais uma linda noite. E assim permanecia, por alguns longos e deliciosos minutos, até ouvir a voz suave da minha Mãe chamando para o jantar, (como tenho saudade desses momentos tão preciosos), e a sala num instante se enchia, de vozes e sorrisos.
Como foi rica a minha infância,no meu pequeno paraíso, como foi bom ser criança inocente, correr na chuva, pisar na lama, correr atrás das borboletas que pairavam o lindo jardim, sempre florido da minha Mãe, como foi precioso viver no meio de tanta natureza…
Da minha janela, eu também podia ver a horta que minha Mãe cultivava com tanto esmero, la ela plantava de tudo um pouco, mas o que mais me fascinava eram as cenouras, elas eram pequeninas e tão doces. Sou grata por tudo que vi e vivi , cada cheiro, cada gosto, cada sorriso, cada gota de chuva, cada cicatriz, tínhamos tanto! Ou seja, espaço, terra, ar, água, frutas, animais, paz e silêncio.
Em todo fim de tarde quando subia na minha janela preferida, sim, eu tinha uma janela preferida, pois ela tinha a melhor vista. Nos morávamos em uma casa que tinha uma sala grande com o piso vermelho que reluzia, minha mãe, fazia questão de deixar o piso sempre vermelhinho, sim, vermelho era uma de suas cores preferidas, não tínhamos muitos moveis, nem luxo, a maior riqueza que tínhamos era a liberdade, de correr gritar e ser criança.
Através da minha janela pude ampliar meus horizontes, imaginar histórias e nunca prender minha mente em um único espaço físico, minha mente voa, sem barreiras e desta forma, meus sonhos nunca tiveram limites….
Da minha casa de infância infelizmente um belo dia, tive que fechar sua janela e sair pela porta, eu sai da janela mais ela nunca sairá de dentro de mim, através desta janela, eu enxergo meu futuro e busco meus sonhos, e posso afirmar, como foi nobre á minha infância. Hoje tenho plena certeza que minha infância, foi e sempre será a maior e melhor herança que meus pais, em memoria Sr. José Veloso e a Dona Vasinira, poderiam ter me concedido, jamais esquecerei os momentos maravilhosos que Deus nos permitiu viver juntos nessa vida, Papai e Mamãe, muito obrigada, meus amados Pais, por minha infância incrível e inesquecível, serei eternamente grata… Pai, Mãe nunca vou deixar de ser a Menina da Janela…